O Funcionalismo Europeu tem seu surgimento e expansão de suas ideias em Genébra com Édouard Claparéde (1873-1940) cuja continuidade resultou na importante obra de Jean Piaget (1896-1980). O entendimento genebriano caracteriza-se por uma abordagem dos fenômenos psicológicos sobre uma visão genético-funcional, que busca explicar-se a partir da gênese da história do sujeito psicológico, e de sua função no processo de adaptação. A escola genebriana enfatiza o estudo da cognição humana, que se refere ao estudo da consciência e também do próprio pensamento.
Tanto Claparéde como Piaget ocupam-se da gênese dos processos cognitivos partindo de um ponto de vista interacionista, ou seja, como o resultado da construção progressiva de esquemas de adaptação ao ambiente na interação entre o sujeito e seu meio. A interpretação interacionista é considerada uma alternativa sólida tanto para a explicação inatista quanto à ambientalista, no alcance em que permite colocar um terceiro elemento entre as estruturas herdadas e o ambiente.
A principal contribuição de Édouard Claparédea no campo da psicologia funcional foi por meio da construção de leis que descrevem o processo de auto-regulação dos organismos vivos pelo qual conclui que o interesse “a vontade”, própria da dimensão psicológica, é o principio fundamental da atividade mental, colocando assim, o sujeito como agente de sua própria atividade, estabelecendo um elo entre a natureza que o constitui e o ambiente que o estimula a agir.
A perspectiva genético-funcional de Claparède e Piaget exerceu grande influência sobre a psicologia, nas áreas da psicologia do desenvolvimento e da psicologia da Educação, com profunda repercussão de suas obras no Brasil ao longo do século XX por Helena Antipoff e Lourenço Filho especialmente. Nessa época, ampliaram-se os debates sobre aspectos sócio-culturais da cognição, e as relações entre epistemologia genética e os processo de educação, deste modo colocando a psicologia a serviço da melhor qualidade e democratização da educação no Brasil. A partir das obras de Piaget e Claparède observou-se um retorno as propostas escolanovistas de John Dewey (1859-1952) de conhecer o pensamento das crianças e centrar o ensino na dinâmica de seus interesses.
Jáco-Vilela A. M., Ferreira A. A. L., Portugal F. T., (2007). História da Psicologia: Rumos e Percursos.Coleção Ensino da Psicologia, 3. Rio de Janeiro: Nau Ed.
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